sábado, 28 de abril de 2012

Gramsci e a Escola Única

Gramsci e a Escola Única


Antonio Gramsci (1891-1937), intelectual italiano do final do século passado, nasceu em Ales, Ilha da Sardenha. Freqüentou uma pré-escola dirigida por freiras e uma escola pública primária.
Em 1910 publica seu primeiro artigo no jornal "A União Sarda", começa nessa época suas primeiras leituras das obras de Karl Marx. Em 1911, tendo conseguido uma bolsa de estudo vai para a Universidade Estatal de Turim, ingressando na Faculdade de Letras.
Foi um dos co-fundadores do Partido Comunista Italiano em 1921 e em 1926 foi preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Na prisão escreveu os textos que postumamente foram organizados em Cadernos de Cárcere e Cartas de Cárcere.
Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar na revolução proletária, Gramsci defendia que um dos instrumentos mais importantes para tais mudanças seria a escola, pois ela é parte determinante para a formação dos indivíduos. Ou seja, a revolução não deveria acontecer pela força e sim com o surgimento de uma nova mentalidade ligada às classes dominadas que começaria a ser construída já no período de alfabetização.
Gramsci lutava por uma escola, denominada por ele de Escola Única ou Unitária, em que as classes desfavorecidas pudessem além das aprendizagens técnicas e do trabalho manual, também se interar dos códigos dominantes. Com estas perspectivas, o autor defendia uma reorganização das disciplinas escolares: logo nos primeiros anos de escolarização os alunos deveriam aprender noções de leitura, escrita, cálculo, conhecimentos científicos e os direitos e deveres dos cidadãos, pois além de autônomos, os alunos deveriam ser dotados de grande consciência moral e social. Este é o início da construção do aluno crítico.
Nos quatro primeiros anos o jovem passaria pelo ensino básico, centrando suas forças nas noções elementares e doutrinação moral e em seguida passaria para a escola profissionalizante, que deve visar o exercício imediato das profissões.
Os estudos devem ser coletivizados e os estudantes devem ter sempre a companhia dos professores e dos colegas em suas atividades, procurando freqüentemente dialogar durante as atividades, ouvindo a opinião dos colegas e colocando a sua. Ao longo dos estudos o aluno iria construir uma visão de mundo na qual ele é o cidadão, capaz de atuar tanto no campo intelectual quanto profissional da sociedade em que ele está inserido.
Em síntese, a Escola Unitária visava uma educação com características de liberdade e livre iniciativa. "É a liberdade forjada no e pelo trabalho moderno, administrado pelo próprio trabalhador o qual define a política de produção e distribuição. É a liberdade que incorporou -com disciplina- a técnica e por esta se expressa mais profunda e plenamente" (Paolo Nosella, in A Escola de Gramsci, 2004. p.180.).

Referências Bibliográficas

GRAMSCI, Antonio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura. 4ªed. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Civilização Brasileira, 1982.

NOSELLA, Paolo. A Escola de Gramsci. 3ªed. São Paulo: Cortez, 2004.

REVISTA NOVA ESCOLA. Grandes Pensadores. Ano XIX. Dezembro 2004.



Maria Caroline Prado Fuzer

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